sábado, 2 de janeiro de 2010

Urbs abre a 1ª licitação do transporte de Curitiba

 A  Urbs, Urbanização de Curitiba S/A lançou nesta terça-feira (29) o edital de licitação da operação do transporte coletivo urbano no município de Curitiba. O edital tem mais de cinco mil folhas, está disponível no site da Urbs e determina a data de 25 de fevereiro de 2010 para entrega de propostas das empresas interessadas. Podem participar da licitação empresas ou consórcio de empresas, nacionais, com experiência na operação de transporte urbano.

"Este é um momento histórico para Curitiba. Estamos realizando a primeira licitação de um sistema que funciona há mais de 50 anos, o que exigiu um extremo cuidado na elaboração do edital", afirma o presidente da Urbs, Marcos Isfer. A licitação, explica Isfer, será pela combinação de proposta técnica e menor custo levando em conta a qualidade do serviço a ser prestado. "O atendimento de qualidade ao usuário é questão essencial", diz ele.

A licitação, na modalidade Concorrência (005/2009), prevê a operação de todas as linhas de transporte coletivo de Curitiba. São 250 linhas do sistema principal e 52 complementares - Linha Turismo e Sistema Integrado de Transporte do Ensino Especial (Sites). São do sistema principal as linhas Expresso, Direta (Ligeirinho), Interbairros, Troncais, Alimentadoras, Convencionais e Circular, divididas em três lotes. No total, é previsto o atendimento, em dias úteis, de 1.836.704 passageiros, com uma frota operante de 1.399 ônibus. O sistema tem 21 terminais e 315 estações tubo.

A licitação prevê outorga de concessão onerosa de R$ 252 milhões, com prazo de concessão de 15 anos renováveis por mais dez anos desde que sejam feitos investimentos relevantes em bens reversíveis ao sistema de transporte coletivo de Curitiba.

Entre as obrigações das empresas que vierem a operar o sistema, constam a melhoria da velocidade média operacional, melhoria do conforto, a busca de inovações tecnológicas priorizando o meio ambiente e o bem estar do usuário; capacitação de seus funcionários; e utilizar biocombustível em níveis superiores ao mínimo estabelecido pelo governo federal.

Nova etapa – "Estamos vivendo um novo tempo no transporte coletivo em Curitiba", afirma o presidente da Urbs, Marcos Isfer. Esta nova etapa do transporte urbano da cidade, lembra Isfer, começou em 2005 com a criação, pelo prefeito Beto Richa, da Comissão de Estudos Tarifários, o primeiro passo para a elaboração da nova lei do transporte (Lei Municipal 12.597/2008), com novo regulamento do setor.

Com a promulgação da lei, em abril deste ano foi feita audiência pública que contou com cerca de 400 participantes e garantiu a participação popular nas diretrizes que norteariam a elaboração do edital que está sendo lançado agora.

Referência internacional em transporte coletivo, Curitiba, a partir de 2005, interferiu também no barateamento da tarifa de ônibus. O prefeito Beto Richa surpreendeu os curitibanos ao criar, em janeiro de 2005, a tarifa especial de domingo, a R$ 1,00, rapidamente apelidada pelos curitibanos de domingueira. O resultado imediato foi que o número de passageiros pagantes passou de 280 mil para 400 mil por domingo.

Ainda no início de 2005 Curitiba daria mais um exemplo ao país ao reunir prefeitos de capitais e grandes cidades para buscar soluções conjuntas que permitissem a redução dos custos do transporte e, em consequência, da tarifa. Do encontro resultou a Carta de Curitiba, entregue posteriormente pelo prefeito Beto Richa ao presidente Lula. Por sugestão do prefeito curitibano um dos itens colocados no debate – e incluídos na carta – foi a desoneração dos insumos do setor, como óleo diesel. Para dar o exemplo, em junho de 2005 o prefeito baixou a tarifa do transporte, então de R$ 1,90 para R$ 1,80.

Investimentos – Uma série de investimentos foram feitos diretamente no transporte coletivo de Curitiba nos últimos anos. Só no programa de transporte urbano (Linha Verde e binários) foram investidos US$133 milhões. A renovação da frota representa investimentos de R$ 300 milhões.

Curitiba ganhou neste período a primeira linha de ônibus Expresso dos últimos 20 anos, a Pinheirinho-Carlos Gomes e também a primeira ampliação nas duas últimas décadas do sistema de canaletas com a construção, numa primeira etapa, de 9km de via exclusiva do ônibus, na Linha Verde, permitindo a integração dos alimentadores que antes apenas atravessavam a antiga BR.

Quatro grandes binários – Mario Tourinho, avenida Brasília, Santa Bernadethe e Capão da Imbuia/Hauer transformaram quase 20 quilômetros de ruas em vias de mão única, com capacidade viária 50% maior, melhorando o fluxo do trânsito e abrindo caminho para 72 linhas de ônibus em 14 bairros.

Dos 21 terminais de transporte da cidade, 19 foram reformados, o do Cabral está em obras (feitas pelo governo do estado, com projeto da Prefeitura, em contrapartida à integração do terminal Guaraituba, de Colombo) e, com projeto pronto, a Prefeitura vem negociando recursos para reconstrução do terminal Capão da Imbuia.

As 22 estações tubo dos ônibus da Linha Direta (Ligeirinho) Inter 2 foram ampliadas - quatro estão em fase final de obras - ganhando mais uma porta, além de outras melhorias que incluem acessibilidade com rampa ou elevador e reconstrução das calçadas do entorno. O Inter 2, a linha que, isolada, é a mais carregada do sistema, com 77 mil passageiros por dia útil, ganhou 14 ônibus articulados e outros 26 vão entrar em operação nos próximos meses. Para ter idéia do que isso representa, 40 ônibus com capacidade para 110 passageiros estão sendo substituídos por 40 ônibus com capacidade para 170 passageiros.

Nos últimos cinco anos, 1.114 ônibus zero quilômetro entraram na frota. Novos, com motor Euro III que faz a queima quase completa do diesel, eles são menos poluentes, mais seguros e mais confortáveis, contando com sistema GPS e elevadores. A renovação da frota permitiu, desde 2005, a emissão de em média 161 toneladas a menos de poluentes por mês.

Em agosto deste ano um projeto inédito na América Latina e, até onde se tem notícia, no mundo, mostrou mais uma vez a capacidade de inovação da cidade. Seis ônibus, da linha Pinheirinho-Carlos Gomes (Linha Verde) estão rodando apenas com biocombustível, sem mistura de óleo mineral. A idéia é, comprovada a viabilidade, ampliar o B 100 (100% biocombustível) para toda a frota da Linha Verde e, na seqüência, para o restante do sistema.

Os primeiros resultados animaram os participantes do projeto – além da Urbs, montadoras, produtores de biocombustível, distribuidores e institutos de pesquisa. Nos primeiros 30 dias de experiência, comparados ao restante da frota da Linha Verde que entrou em operação em maio, os ônibus do B100 emitiram 25% menos fumaça, 19% menos óxido de nitrogênio e 30% menos monóxido de carbono. Se comparados aos ônibus Euro I, mais antigos, a redução de poluentes pode chegar a 70%.

O que vem por aí – No primeiro semestre de 2010 entrará em operação o Ligeirão, reduzindo quase à metade – de 33 para 18 minutos – o tempo de viagem entre o Boqueirão e o Centro. O Ligeirão vai ganhar tempo parando apenas nos terminais Hauer e Carmo, uma excelente opção para quem se desloca diretamente ao centro ou ao bairro.

Com a ampliação da Linha Verde até o Atuba, a ser iniciada a partir do ano que vem, Curitiba vai ganhar mais nove quilômetros de canaletas e mais duas linhas do sistema expresso: Pinheirinho-Atuba; e Atuba-Carlos Gomes. Com a segunda etapa da Linha Verde a Prefeitura terá ampliado de 72 para 90 km a extensão total das canaletas, uma ampliação de 25%.

Mas ainda vem mais por aí. Projetos apresentados pelo prefeito Beto Richa para inclusão no Plano de Aceleração da Economia (PAC) da Copa do Mundo incluem ampliação do terminal Santa Cândida, ampliação da rede de ciclovias, revitalização da avenida Cândido de Abreu – o que melhora o desempenho dos ônibus – com a extensão, até o Centro Cívico, do Ligeirão Boqueirão. Também fazem parte do conjunto de obras já aprovadas pelo Governo Federal, o Sistema Integrado de Mobilidade e a ligação Aeroporto-Rodoviária, com a revitalização da avenida Comendador Franco, incluída a retirada das torres de alta tensão.

Fonte: Urbs